Você Passaria Num Teste de Fidelidade?
Davi não podia imaginar a encrenca em que estava se metendo ao receber sobre a cabeça aquele óleo derramado por Samuel. Mesmo ungido rei, não podia assumir o trono enquanto este estivesse ocupado por Saul. Para evitar um embate com o velho monarca, Davi tornou-se um foragido. Nas duas oportunidades que teve de livrar-se de Saul, preferiu poupá-lo. Não havendo mais lugar seguro para ele em Israel, Davi resolveu exilar-se entre os filisteus. Porém, não estava só. Seiscentos homens, com suas respectivas famílias, o acompanharam.
Agora seu desafio era outro. Teria que provar aos filisteus que não era um agente infiltrado. Dirigindo-se à Áquis, filho do rei de Gate, disse-lhe: “Se achei graça aos teus olhos, dá-me lugar numa das cidades da terra, para que ali habite. Por que razão habitaria o teu servo contigo na cidade real?” (1 Sm.27:5). Em resposta ao seu pedido, recebeu de Áquis a cidade de Ziclague. Enquanto esteve lá, Davi e seus homens pelejaram contra os gesuritas, os gersitas e os amalequitas. Mas quando perguntado contra quem ele havia lutado, Davi respondia que havia dado contra o Sul de Judá, ou contra o Sul de alguma outra parte do domínio dos Israelitas. Desta maneira, conquistava a confiança de Áquis, que pensava: “Fez ele por certo tão aborrecível para com o seu povo em Israel que me será por servo para sempre” (1 Sm.27:12).
Aquele que havia sido o herói de Israel, que derrotara um gigante filisteu com uma funda, agora apelava a uma arma carnal, a mentira, para ser aceito entre seus inimigos.
Áquis, então, resolveu submetê-lo a um último teste de fidelidade:
“Naqueles dias, juntando os filisteus os seus exércitos para a peleja, para fazer guerra contra Israel, disse Áquis a Davi: Fica sabendo que comigo sairás ao arraial, tu e os teus homens. Disse Davi: Então verás o que é capaz de fazer o teu servo. Respondeu Áquis: Por isso eu te nomeio meu guarda pessoal para sempre” (1 Sm.28:1-2).
Não restava mais dúvida no coração de Áquis. Davi lhe era fiel. E a prova disso é que estava disposto a lutar contra seu próprio povo para defender seus novos aliados, os filisteus. Quem diria, aquele que havia sido predestinado a ser o rei de Israel, agora recebia a promessa de que seria o guarda-costa oficial do príncipe dos filisteus…
Não há quem traia a alguém, sem que antes traia a si mesmo. O homem segundo o coração de Deus entrava em rota de colisão com os propósitos divinos. Algo teria que ser feito para desviá-lo daquele caminho. Chegava a hora de Deus intervir mais uma vez na História, para que o seu trem voltasse aos trilhos. O texto sagrado diz que “ajuntaram os filisteus todos os seus exércitos em Afeque, e acamparam-se os israelitas junto à fonte que está em Jezreel. Os príncipes dos filisteus foram-se para lá com centenas e com milhares, mas Davi e os seus homens iam com Áquis na retaguarda. Perguntaram os príncipes dos filisteus: Que fazem aqui estes hebreus? Respondeu Áquis: Não é este Davi, o servo de Saul, rei de Israel, que esteve comigo há muitos dias ou anos? Coisa nenhuma achei contra ele desde o dia em que se revoltou, até o dia de hoje” (29:1-3). Mesmo tendo vivido ali por um ano e quatro meses, Davi ainda não se fizera conhecido de toda a Filístia. Embora gozasse da confiança de Áquis, ainda não conquistara a confiança dos demais príncipes. Sua presença ali causava mal-estar em todos. Por isso, os príncipes dos filisteus, indignados, disseram a Áquis: “Faze voltar a este homem, e torne ao seu lugar em que tu o puseste. Não desça conosco à batalha, para que não se nos torne na batalha em adversário (…) Não é este aquele Davi, de quem cantavam nas danças: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares?” (vv.4a,5).
Não se pode passar uma borracha na história. Mesmo vivendo ali no anonimato, a fama de Davi ainda ecoava. Que mais ele precisaria fazer para provar que era aliado?
Será que Davi sabia que Saul estava à frente do exército de Israel? Será que sabia que Jônatas, aquele com quem entrara em aliança, também estava lá? Mas a esta altura, suas preocupações e prioridades eram outras. Afinal de contas, ele agora tinha uma cidade inteira só pra si. Por que se interessaria pelo trono de Israel? O homem que se negara a usar a armadura de Saul, agora usava uma armadura filistéia. Seu coração acelerado. Sua respiração ofegante.
De repente, ouve dos lábios de Áquis: “Tão certo como vive o Senhor, tu és reto, e a tua entrada e a tua saída comigo no arraial é boa aos meus olhos. Nenhum mal achei em ti, desde o dia em que a mim vieste, até o dia de hoje, mas aos príncipes não agradas. Volta, agora, e vai em paz, nada faças para desagradar aos príncipes dos filisteus” (vv.6-7). Desgostoso, Davi reúne seus homens e bate em retirada. Aparentemente, a oportunidade de demonstrar seu valor aos filisteus escapou por entre seus dedos.
Foram três dias de viagem. Todos pareciam desanimados. Como explicariam às suas esposas e familiares a razão de não terem lutado? Quando chegaram a Ziclague, tiveram uma desagradável surpresa: “os amalequitas com ímpeto tinham dado sobre o sul e Ziclague, e tinham ferido a Ziclague e a tinham queimado a fogo; tinham levado cativas as mulheres e todos os que lá se achavam, tanto grandes quanto pequenos. A ninguém mataram, tão-somente os levaram consigo, e foram o seu caminho” (30:1-2). Os mesmos amalequitas contra os quais Davi pelejou enquanto esteve entre os filisteus, agora aproveitaram sua ausência para irem à forra. Enquanto Davi se preocupava em provar sua lealdade a Áquis, as pessoas a quem realmente devia lealdade eram levadas cativas pelos amalequitas. Davi teve muita sorte, pois se os amalequitas o tratassem da maneira como ele os tratou, não teriam poupado a vida de ninguém.
Exausto da viagem, desesperado com o quadro encontrado, só lhe restou chorar. O texto diz que ele e o povo “alçaram a sua voz, e choraram, até que não houve neles mais força para chorar” (v.4). Até as mulheres de Davi, Ainoã e Abgail, foram levadas. De repente, o choro dá lugar à revolta. O povo que antes o seguia, dispunha-se a apedrejá-lo. De amado a odiado, de querido a desprezado, Davi se viu só. Chegara a hora da guinada. Tudo isso acontecera para que ele se despertasse e relembrasse o propósito de sua existência.
Diante deste quadro caótico, “Davi se fortaleceu no Senhor seu Deus” (v. 6b). O que fazer? Que medida tomar? Davi, então, se dirige ao sacerdote Abiatar, e pede que se lhe traga a estola sacerdotal. Vestido como um sacerdote, Davi consulta ao Senhor: “Perseguirei eu a esta tropa? Alcançá-la-ei? Respondeu-lhe o Senhor: Persegue-a. De certo a alcançarás, e tudo libertarás” (v.8). Quanto tempo se perde quando, em vez de consultarmos a Deus, fazemos as coisas do nosso jeito! Acabamos perdendo o foco. Imagina se Davi não houvesse sido dispensado pelos príncipes dos filisteus… Quando chegasse a Ziclague, seria tarde demais. Tão logo recebeu o sinal positivo do Senhor, “partiu Davi, ele e os seiscentos homens que com ele se achavam” (v.9a).
Logo no início da caminhada, duzentos deles pedem arrego. Não conseguiram sequer atravessar o ribeiro. “Mas Davi e os quatrocentos homens continuaram a perseguição”(v.10). Provavelmente, aqueles duzentos eram mais velhos, já não dispunham de energia para lutar. Levá-los consigo era correr um risco desnecessário.
No meio do caminho, “acharam no campo um homem egípcio e o trouxeram a Davi. Deram-lhe pão, e comeu, e deram-lhe a beber água. Deram-lhe também um pedaço de paosta de figos secos e dois cachos de passas. Comeu, e voltou-lhe o ânimo, pois havia três dias e três noites que não tinha comido pão nem bebido água. Então Davi lhe perguntou: De que és tu, e donde és? Respondeu o moço egípcio: Sou servo de um amalequita, e meu senhor me dixou, porque adoeci há três dias” (vv.11-13). Repare nisso: Davi tratou bem aquele homem antes de saber que ele poderia servir-lhe como informante. Por ele, soube que já havia três dias, desde que os Amalequitas haviam levado suas mulheres. Isso significa que no momento em que Davi e seus homens se dispunham a enfrentar Israel em favor dos filisteus, Ziclague estava sendo incendiada. Davi persuardiu àquele egípcio a guiá-lo até onde estava a tropa amalequita.
Ao chegar lá, deparou-se com os amalequitas “espalhados sobre a face de toda a terra, comendo, bebendo e dançando, por todo aquele grande despojo que haviam tomado da terra dos filisteus e da terra de Judá. Feriu-os Davi, desde o crepúsculo até a tarde do dia seguinte” (v.16). Foram quase 24 horas de batalha. Resultado: “Assim recobrou Davi tudo o que os amalequitas haviam tomado; também libertou as suas duas mulheres. Não lhes faltou coisa alguma, nem pequena nem grande, nem os filhos, nem as filhas, nem o despojo, nada de tudo o que os amalequitas lhes haviam tomado. Tudo Davi tornou a trazer” (vv.18-19).
Quando voltaram para Ziclague, aqueles duzentos homens que não acompanharam a Davi na batalha por estarem exaustos saíram ao seu encontro. Embora Davi os tenha saudado em paz, houve uma reação imediata dos que lutaram. Eles não achavam justo que aqueles duzentos fossem beneficiados com os depojos da batalha. Bastaria-lhes receber de volta duas mulheres e filhos, e nada mais. Ainda que pareça justa sua reivindicação, as Escrituras classificam tais homens de “filhos de Belial” (algo como, filhos do diabo). Em vez de dar-lhes ouvidos, Davi disse: “Não fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra nós. Quem vos daria ouvidos nisso? Qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será também a parte dos que ficaram com a bagagem. Receberão partes iguais”(vv.23-24). Na opinião de Davi, a permanência daqueles homens ali serviu a um propósito honroso: proteger o que lhes havia restado (bagagem).
O que Davi talvez não houvesse percebido é que por trás de toda aquela situação havia um propósito ainda maior. Deus o estava poupando de participar de uma batalha que culminaria na morte de Saul e de seus filhos, inclusive Jônatas, com quem Davi tinha feito uma aliança (31:1-6). Por uma ironia do destino, foi justamente isso que lhe garantiu o trono. Porém, Deus o poupou de tocar em Seu ungido. Quando Davi soube Da morte de Saul e Jônatas, lamentou profundamente. Se houvesse participado daquela investida, teria se arrependido pelo resto de seus dias.
Agora seu desafio era outro. Teria que provar aos filisteus que não era um agente infiltrado. Dirigindo-se à Áquis, filho do rei de Gate, disse-lhe: “Se achei graça aos teus olhos, dá-me lugar numa das cidades da terra, para que ali habite. Por que razão habitaria o teu servo contigo na cidade real?” (1 Sm.27:5). Em resposta ao seu pedido, recebeu de Áquis a cidade de Ziclague. Enquanto esteve lá, Davi e seus homens pelejaram contra os gesuritas, os gersitas e os amalequitas. Mas quando perguntado contra quem ele havia lutado, Davi respondia que havia dado contra o Sul de Judá, ou contra o Sul de alguma outra parte do domínio dos Israelitas. Desta maneira, conquistava a confiança de Áquis, que pensava: “Fez ele por certo tão aborrecível para com o seu povo em Israel que me será por servo para sempre” (1 Sm.27:12).
Aquele que havia sido o herói de Israel, que derrotara um gigante filisteu com uma funda, agora apelava a uma arma carnal, a mentira, para ser aceito entre seus inimigos.
Áquis, então, resolveu submetê-lo a um último teste de fidelidade:
“Naqueles dias, juntando os filisteus os seus exércitos para a peleja, para fazer guerra contra Israel, disse Áquis a Davi: Fica sabendo que comigo sairás ao arraial, tu e os teus homens. Disse Davi: Então verás o que é capaz de fazer o teu servo. Respondeu Áquis: Por isso eu te nomeio meu guarda pessoal para sempre” (1 Sm.28:1-2).
Não restava mais dúvida no coração de Áquis. Davi lhe era fiel. E a prova disso é que estava disposto a lutar contra seu próprio povo para defender seus novos aliados, os filisteus. Quem diria, aquele que havia sido predestinado a ser o rei de Israel, agora recebia a promessa de que seria o guarda-costa oficial do príncipe dos filisteus…
Não há quem traia a alguém, sem que antes traia a si mesmo. O homem segundo o coração de Deus entrava em rota de colisão com os propósitos divinos. Algo teria que ser feito para desviá-lo daquele caminho. Chegava a hora de Deus intervir mais uma vez na História, para que o seu trem voltasse aos trilhos. O texto sagrado diz que “ajuntaram os filisteus todos os seus exércitos em Afeque, e acamparam-se os israelitas junto à fonte que está em Jezreel. Os príncipes dos filisteus foram-se para lá com centenas e com milhares, mas Davi e os seus homens iam com Áquis na retaguarda. Perguntaram os príncipes dos filisteus: Que fazem aqui estes hebreus? Respondeu Áquis: Não é este Davi, o servo de Saul, rei de Israel, que esteve comigo há muitos dias ou anos? Coisa nenhuma achei contra ele desde o dia em que se revoltou, até o dia de hoje” (29:1-3). Mesmo tendo vivido ali por um ano e quatro meses, Davi ainda não se fizera conhecido de toda a Filístia. Embora gozasse da confiança de Áquis, ainda não conquistara a confiança dos demais príncipes. Sua presença ali causava mal-estar em todos. Por isso, os príncipes dos filisteus, indignados, disseram a Áquis: “Faze voltar a este homem, e torne ao seu lugar em que tu o puseste. Não desça conosco à batalha, para que não se nos torne na batalha em adversário (…) Não é este aquele Davi, de quem cantavam nas danças: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares?” (vv.4a,5).
Não se pode passar uma borracha na história. Mesmo vivendo ali no anonimato, a fama de Davi ainda ecoava. Que mais ele precisaria fazer para provar que era aliado?
Será que Davi sabia que Saul estava à frente do exército de Israel? Será que sabia que Jônatas, aquele com quem entrara em aliança, também estava lá? Mas a esta altura, suas preocupações e prioridades eram outras. Afinal de contas, ele agora tinha uma cidade inteira só pra si. Por que se interessaria pelo trono de Israel? O homem que se negara a usar a armadura de Saul, agora usava uma armadura filistéia. Seu coração acelerado. Sua respiração ofegante.
De repente, ouve dos lábios de Áquis: “Tão certo como vive o Senhor, tu és reto, e a tua entrada e a tua saída comigo no arraial é boa aos meus olhos. Nenhum mal achei em ti, desde o dia em que a mim vieste, até o dia de hoje, mas aos príncipes não agradas. Volta, agora, e vai em paz, nada faças para desagradar aos príncipes dos filisteus” (vv.6-7). Desgostoso, Davi reúne seus homens e bate em retirada. Aparentemente, a oportunidade de demonstrar seu valor aos filisteus escapou por entre seus dedos.
Foram três dias de viagem. Todos pareciam desanimados. Como explicariam às suas esposas e familiares a razão de não terem lutado? Quando chegaram a Ziclague, tiveram uma desagradável surpresa: “os amalequitas com ímpeto tinham dado sobre o sul e Ziclague, e tinham ferido a Ziclague e a tinham queimado a fogo; tinham levado cativas as mulheres e todos os que lá se achavam, tanto grandes quanto pequenos. A ninguém mataram, tão-somente os levaram consigo, e foram o seu caminho” (30:1-2). Os mesmos amalequitas contra os quais Davi pelejou enquanto esteve entre os filisteus, agora aproveitaram sua ausência para irem à forra. Enquanto Davi se preocupava em provar sua lealdade a Áquis, as pessoas a quem realmente devia lealdade eram levadas cativas pelos amalequitas. Davi teve muita sorte, pois se os amalequitas o tratassem da maneira como ele os tratou, não teriam poupado a vida de ninguém.
Exausto da viagem, desesperado com o quadro encontrado, só lhe restou chorar. O texto diz que ele e o povo “alçaram a sua voz, e choraram, até que não houve neles mais força para chorar” (v.4). Até as mulheres de Davi, Ainoã e Abgail, foram levadas. De repente, o choro dá lugar à revolta. O povo que antes o seguia, dispunha-se a apedrejá-lo. De amado a odiado, de querido a desprezado, Davi se viu só. Chegara a hora da guinada. Tudo isso acontecera para que ele se despertasse e relembrasse o propósito de sua existência.
Diante deste quadro caótico, “Davi se fortaleceu no Senhor seu Deus” (v. 6b). O que fazer? Que medida tomar? Davi, então, se dirige ao sacerdote Abiatar, e pede que se lhe traga a estola sacerdotal. Vestido como um sacerdote, Davi consulta ao Senhor: “Perseguirei eu a esta tropa? Alcançá-la-ei? Respondeu-lhe o Senhor: Persegue-a. De certo a alcançarás, e tudo libertarás” (v.8). Quanto tempo se perde quando, em vez de consultarmos a Deus, fazemos as coisas do nosso jeito! Acabamos perdendo o foco. Imagina se Davi não houvesse sido dispensado pelos príncipes dos filisteus… Quando chegasse a Ziclague, seria tarde demais. Tão logo recebeu o sinal positivo do Senhor, “partiu Davi, ele e os seiscentos homens que com ele se achavam” (v.9a).
Logo no início da caminhada, duzentos deles pedem arrego. Não conseguiram sequer atravessar o ribeiro. “Mas Davi e os quatrocentos homens continuaram a perseguição”(v.10). Provavelmente, aqueles duzentos eram mais velhos, já não dispunham de energia para lutar. Levá-los consigo era correr um risco desnecessário.
No meio do caminho, “acharam no campo um homem egípcio e o trouxeram a Davi. Deram-lhe pão, e comeu, e deram-lhe a beber água. Deram-lhe também um pedaço de paosta de figos secos e dois cachos de passas. Comeu, e voltou-lhe o ânimo, pois havia três dias e três noites que não tinha comido pão nem bebido água. Então Davi lhe perguntou: De que és tu, e donde és? Respondeu o moço egípcio: Sou servo de um amalequita, e meu senhor me dixou, porque adoeci há três dias” (vv.11-13). Repare nisso: Davi tratou bem aquele homem antes de saber que ele poderia servir-lhe como informante. Por ele, soube que já havia três dias, desde que os Amalequitas haviam levado suas mulheres. Isso significa que no momento em que Davi e seus homens se dispunham a enfrentar Israel em favor dos filisteus, Ziclague estava sendo incendiada. Davi persuardiu àquele egípcio a guiá-lo até onde estava a tropa amalequita.
Ao chegar lá, deparou-se com os amalequitas “espalhados sobre a face de toda a terra, comendo, bebendo e dançando, por todo aquele grande despojo que haviam tomado da terra dos filisteus e da terra de Judá. Feriu-os Davi, desde o crepúsculo até a tarde do dia seguinte” (v.16). Foram quase 24 horas de batalha. Resultado: “Assim recobrou Davi tudo o que os amalequitas haviam tomado; também libertou as suas duas mulheres. Não lhes faltou coisa alguma, nem pequena nem grande, nem os filhos, nem as filhas, nem o despojo, nada de tudo o que os amalequitas lhes haviam tomado. Tudo Davi tornou a trazer” (vv.18-19).
Quando voltaram para Ziclague, aqueles duzentos homens que não acompanharam a Davi na batalha por estarem exaustos saíram ao seu encontro. Embora Davi os tenha saudado em paz, houve uma reação imediata dos que lutaram. Eles não achavam justo que aqueles duzentos fossem beneficiados com os depojos da batalha. Bastaria-lhes receber de volta duas mulheres e filhos, e nada mais. Ainda que pareça justa sua reivindicação, as Escrituras classificam tais homens de “filhos de Belial” (algo como, filhos do diabo). Em vez de dar-lhes ouvidos, Davi disse: “Não fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra nós. Quem vos daria ouvidos nisso? Qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será também a parte dos que ficaram com a bagagem. Receberão partes iguais”(vv.23-24). Na opinião de Davi, a permanência daqueles homens ali serviu a um propósito honroso: proteger o que lhes havia restado (bagagem).
O que Davi talvez não houvesse percebido é que por trás de toda aquela situação havia um propósito ainda maior. Deus o estava poupando de participar de uma batalha que culminaria na morte de Saul e de seus filhos, inclusive Jônatas, com quem Davi tinha feito uma aliança (31:1-6). Por uma ironia do destino, foi justamente isso que lhe garantiu o trono. Porém, Deus o poupou de tocar em Seu ungido. Quando Davi soube Da morte de Saul e Jônatas, lamentou profundamente. Se houvesse participado daquela investida, teria se arrependido pelo resto de seus dias.
| Autor: Hermes C. Fernandes | Divulgação: estudosgospel.Com.BR |