Moralismo e Misericórdia


O mundo cristão está cheio de moralistas, de pessoas que vivem um evangelho muito diferente daquele pregado e ensinado por Jesus.

O moralista jubila com a queda alheia, pois isso fortalece o seu senso de justiça própria. O misericordioso chora diante da mesma situação, pois entende ser passivo do mesmo erro.

Em se tratando de santidade e justiça, o moralista é alguém que se percebe sempre acima da média (Lc 18.9-14).

O moralista está sempre pronto para apontar e para condenar sem misericórdia alguma as transgressões que se tornam manifestas e concretas na vida do próximo, enquanto que a sua própria mente é um depósito de promiscuidade, perversão e imoralidade (Mt 5.27-28). Apontando para as transgressões alheias ele procura desviar as atenções de suas próprias transgressões. Fazendo assim, ele promove o engano e o autoengano.

O moralista é alguém que em nada difere interiormente daqueles que desprezam o conhecimento de Deus, pois estão: "cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade, possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade;" (Rm 1.29)

O moralista se coloca geralmente numa condição superior a do próprio Deus, pois enquanto este apaga, esquece e lança as nossas transgressões nas profundezas do mar, o primeiro sempre procura trazê-las à tona e colocá-las em evidência:

"Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro." (Is 43.25)

"Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. (Mq 7.18-19)

Os moralistas pisam nos transgressores com o propósito de destruí-los e desmoralizá-los, enquanto que o Deus misericordioso pisa nas transgressões (iniquidades), com o propósito de restaurar o transgressor.

Em Provérbios 28.13 lemos: "O que encobre as suas transgressões nunca prosperá; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia". O texto nos ensina que:

- As transgressões, aquelas reputadas por mais graves ou menos graves são sempre uma possibilidade na vida do crente;

- Não são as transgressões que impedirão a nossa prosperidade, mas sim o ato de encobri-las. Dessa maneira, é possível falhar, mas após confessar a falha poderemos caminhar prosperando em tudo para a glória de Deus;

- O alcance da misericórdia não depende apenas das confissões do transgressor. É preciso deixar as transgressões;

- A misericórdia não promove o conformismo com o erro. O que a misericórdia faz é conceder novas oportunidades aos transgressores, que não devem ser abusadas, pois Deus não é conivente com os que se deleitam e insistem em transgredir. Quem abusa da misericórdia está abusando da graça, e quem abusa da graça pode cair em eterna desgraça.

A autoridade moral e espiritual de um servo e filho de Deus não se relaciona com a ausência do pecado e da transgressão, mas se estas questões são tratadas de acordo com as recomendações  das Sagradas Escrituras (2 Sm 12.3; 1 Jo 1.8-10).

Não se intimide com os moralistas. Apegue-se ao Deus de toda a misericórdia e aos misericordiosos, pois estes com certeza estarão sempre dispostos a perdoar, acolher e amar.

| Autor: Pr Altair Germano | Divulgação: estudosgospel.Com.BR |