Lutando Contra o Pecado


Sabe aquela explosão de ira que temos quando alguém faz algo que nos ofende ou nos faz sentirmos injustiçados? Pois é, o nome disso é falta de domínio próprio e isso é pecado. E aqueles pensamentos impuros de ordem sexual que acariciamos em nossa mente? O nome disso é impureza; isso também é pecado. E aquele ressentimento que deixamos criar raízes em nosso coração porque alguém não nos honrou como queríamos ser honrados e reconhecidos por algo que fizemos de bom (o que não era mais do que nossa obrigação como crentes!)? Isso se chama egoísmo, vaidade. Igualmente, é pecado. E aquele gesto de autoritarismo sobre aqueles a quem lideramos e somos responsáveis, ou aquele ato de rebeldia para com quem é autoridade sobre nós? Isso se chama abuso e insubordinação. Pois bem, isso também é pecado. Ou aquele negócio escuso que realizamos para obtermos alguma vantagem financeira sobre alguém ou sobre o Governo? Isso se chama roubo; também é pecado.

Se quiséssemos poderíamos fazer uma lista enorme de coisas que são pecados e que podem estar presentes em nossa vida.

Em Hb.12.4-13, o escritor sagrado fala sobre a nossa luta contra o pecado, e como Deus nos disciplina quando pecamos. O texto começa da seguinte forma: “Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue”. Tais palavras descrevem a nossa luta contra o pecado como algo intenso, difícil e que nos traz sofrimento, inclusive fisicamente, falando. O que o escritor sagrado quer nos mostrar aqui é que no que se refere à luta contra o pecado estamos diante de uma situação de vida ou morte. Não se trata apenas de um costume ou praxe da Igreja da qual você é membro – trata-se de identificação com o Senhor Jesus Cristo, com Aquele que derramou Seu precioso sangue para torná-lo livre desse tirano maldito chamado pecado.

Por isso mesmo quero meditar com você nessa ocasião sobre a nossa luta contra o pecado. E nessa terrível batalha, essa que é a verdadeira batalha espiritual que enfrentamos todos os dias (e não essas esquizofrenias que o mundo evangélico-neopentecostal-carismático-brasileiro” produz), existem recursos que funcionam e coisas que nada adiantam e resolvem. Vejamos algumas:

1 – Justificação em vez de justificativas (Rm.3.21-26)

Se justificar depois de um erro ou pecado é a coisa mais comum do homem. Se ele é pego em adultério, logo se justifica pondo a culpa na sua esposa que não o satisfez sexualmente. Se é flagrado roubando em seus negócios, sai logo se justificando dizendo: “Se eu não ficar com isso, outro ficará. E isso é suor do meu rosto, então, é meu”. Se tem um descontrole emocional a culpa é de quem o provocou, e nunca dele que é um imaturo e descontrolado. Tudo isso nos mostra que sempre transferimos a nossa culpa para os outros, em vez de assumirmos a nossa própria culpa, mas, a solução que Deus dá para a nossa culpa é a Justificação.

E o que é a Justificação? Em Rm.3.21-26 lemos que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (v.23). Todos nós somos culpados pelos nossos pecados diante de Deus. Cada um de nós responde por sua própria culpa diante de Deus. No v.24 lemos: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”, ou seja, a Justificação é a ação de Deus transferindo para Jesus a culpa do nosso pecado, e transferindo para nós a justiça de Jesus. Quando Cristo morreu na cruz, Ele assumiu a nossa culpa. É disso que fala o v.25, pois, Jesus foi a nossa propiciação, ou seja, Ele nos substituiu na cruz, e os benefícios do Seu sacrifício nos são transmitidos “…mediante a fé”, ou seja, você tem de crer que o sacrifício de Jesus é suficiente para perdoar você dos seus pecados, cancelar a sua culpa, e torná-lo justo, isto é, aceitável diante de Deus.

Há pouco disse que transferir a nossa culpa para os outros não resolve a nossa culpa e nos torna ainda mais culpados. Só que é justamente a transferência de nossa culpa para Jesus e de Sua justiça para nós que resolve o nosso problema. Não há qualquer contradição nisso, mesmo porque foi Cristo quem deu o primeiro passo; foi Ele quem veio ao nosso encontro e tomou para Si nossa culpa e nos deu da Sua justiça. Por isso, mesmo, cabe a nós receber pela fé esse benefício. Não se justifique, não racionalize seu pecado. Antes, creia em Jesus e na justificação que Ele promove em sua vida.

2 – Mortificação em vez de repressão (Rm.8.12-17)

Muitos crentes têm sofrido derrotas em suas lutas contra o pecado, justamente, porque estão reprimindo seus impulsos pecaminosos. Mas, a repressão desses impulsos pecaminosos não é a solução que a Palavra de Deus dá para os nossos pecados. Pense num tumor. Ali está toda infecção e prurido pútrido causando dores. Enquanto você fica alisando o tumor retendo toda essa podridão dentro de sua pele com anestésicos você está reprimindo. Mas, se você se submeter à uma pequena cirurgia para rasgar sua pele e pôr para fora toda essa podridão, você matará o tumor.

O mesmo acontece com o pecado. Reprimi-lo em seu coração, é mantê-lo vivo e latente e a qualquer momento ele virá à tona. A solução Divina para o pecado é a mortificação do mesmo. E isso quer dizer, literalmente, matá-lo, arrancá-lo pela raiz. Mas, como podemos mortificar o pecado dentro de nós?

No texto de Rm.8.12-17, encontramos a resposta: viver pelo Espírito Santo, ou seja, sermos guiados por Ele, nos submetermos à Sua autoridade e vontade, e assim, não satisfaremos à nossa vontade de pecar e aos caprichos do nosso coração pecaminoso.

A melhor maneira de mortificar o pecado em nosso coração é não o alimentarmos. Em Mt.5.27-32, o Senhor Jesus, falando sobre o pecado do adultério, diz: “Se o teu olho te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno” (v.29). Ele não está ensinando aqui a automutilação, como fizeram muitos no passado castrando-se para evitar o pecado. O que o Senhor Jesus está dizendo aqui é: arranque de sua vida aquilo que lhe faz tropeçar.

Se você sofre com pensamentos impuros arranque de sua vida os filmes e sites pornográficos. Se você peca por ser ganancioso e quer ter cada vez mais, comece a se desprender de seus bens materiais supérfluos doando-os para os necessitados e resista a tentação de substituí-los por novos. Se você é explosivo e se ira com facilidade é porque você é um egoísta que acha que o mundo lhe deve favores, e quando alguém o contraria então você reage explodindo.

Enfim, se você peca numa determinada área, retire de sua vida as condições que favorecem tal pecado. É melhor ter prejuízos nessa vida do que na eternidade!

Não alimente situações em que determinados pecados poderão surgir. Essa é a solução que Deus dá para você vencer o pecado.

Por fim, na nossa luta contra o pecado o que resolve é

3 – Arrependimento em vez de remorso (2Co.7.10)

Em 2Co.7.10 lemos: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte”.

Para muitos crentes é difícil fazer a diferença entre arrependimento e remorso pelo fato de que ambos acontecem depois de um pecado cometido. Ambos trazem tristeza ao nosso coração e, determinam um rumo diferente para nossas vidas depois do pecado cometido.

Creio que a melhor maneira de diferenciarmos o arrependimento do remorso é recorrendo a dois textos bíblicos. O primeiro mostrando o remorso e o segundo, mostrando o arrependimento.

Em Gn.4.8-16 está registrado o primeiro homicídio da humanidade. Caim, o filho mais velho de Adão e Eva, mata seu irmão mais novo, Abel, por ser tomado de inveja e ciúmes dele pelo fato de Deus ter aceito a oferta de Abel e não a de Caim. Quando Deus se aproxima dele perguntando por Abel, ele se esquiva. Mas, Deus lhe revela todo o seu pecado e ele fica desesperado e diz: “É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará” (v.12,13).

Agora vamos para Lc.15.11-32, no qual encontramos a parábola do filho pródigo. Depois de perceber a miséria em que se encontrava e lembrar dos benefícios que tinha junto de seu pai, ele caindo em si, diz: “Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores”.

Quais diferenças podemos notar nesses dois casos?

Caim é um exemplo do remorso e o filho pródigo, de arrependimento. Caim quando foi confrontado no seu pecado, ao perceber as consequências que sofreria, pensou em si. Suas palavras revelam que ele estava preocupado só consigo mesmo e pouco lhe importava o dano que causara a seu irmão e a seus pais.

Já o filho pródigo quando caiu em si vendo a miséria em que se encontrava, percebeu que o seu pecado antes de tudo fora contra Deus: “pequei contra o céu”, o que lembra as palavras que Davi disse quando confessara o seu pecado (Sl.51.4). Ele também percebera que o seu pecado fora contra seu pai conforme suas palavras “…e diante de ti”, mostram. Também ele viu que não tinha mais qualquer direito diante de seu pai e estava disposto a assumir toda a responsabilidade. Mas, o que é mais importante a ser destacado aqui é que ele percebera que ele necessitava de seu pai, que precisava dele e que sua felicidade só era possível ao lado do seu pai.

Resumindo, o remorso nos leva a cada vez mais olharmos para nós mesmos e ficarmos envoltos no nosso próprio egoísmo, pensando somente em nós, ao passo que o arrependimento nos leva a ver o mal que causamos a nós, aos outros e a desonra do Nome de Deus, assim como nos leva a perceber o quanto dependemos de Deus e que fora Dele não temos vida.

Assim sendo, o arrependimento é o recurso que Deus usa para promover em nós vida. Pedro quando negou a Jesus, se arrependeu disso e foi restaurado por Deus; Judas Iscariotes depois de trair Jesus, foi tomado de remorso e isso resultou em seu suicídio. O arrependimento leva à vida, enquanto que o remorso leva à morte.

Conclusão

É no arrependimento sincero que o coração admite sua culpa e se vê como totalmente destituído de qualquer mérito pelo qual possa reivindicar alguma coisa. E é em ser justificado, tornado justo pelos méritos de Cristo que o coração encontra forças para mortificar o pecado, matá-lo por inanição.

Seja qual for o seu pecado, essas são as soluções que Deus dá para você. Tudo o que você fizer em vez de depender de Deus para isso, levará você para mais longe ainda de Deus, e, tornará você um derrotado na luta contra o pecado.

Autor: Olivar Alves Pereira