Jesus Não Creu!


O início do ministério de Jesus é marcado por uma série de eventos importantes: seu batismo no rio Jordão, as tentações no deserto, o primeiro milagre numa festa de casamento, uma passagem rápida por Cafarnaum e uma visita a Jerusalém na época da Páscoa, uma das principais festas anuais dos judeus.

João, no seu relato do evangelho, destaca essa visita a Jerusalém, que foi um dos primeiros indícios da atitude dos líderes dos judeus para com o Messias. Jerusalém foi o centro do poder eclesiástico dos judeus, onde se encontravam os principais sacerdotes, os mais importantes rabinos e os chefes das seitas mais influentes.

Jesus chamou atenção à corrupção religiosa da cidade santa quando expulsou os comerciantes que usavam a religião e o serviço de pessoas sinceras como pretexto para lucrar financeiramente (João 2:13-22). Ele ensinou o povo e realizou sinais milagrosos para confirmar a fonte celestial da sua mensagem.

João registra o pensamento de muitos dos judeus sobre Jesus e, ao mesmo tempo, a reação de Jesus: “Estando ele em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que ele fazia, creram no seu nome; mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana” (João 2:23-25). Destaquei duas palavras (creram e confiava) por causa de um contraste interessante aqui.

As palavras creram e confiava (João 2:23 e 24) vêm da mesma palavra grega. O texto diz, basicamente, que muitas pessoas creram em Jesus, mas Jesus não creu nelas. Entendemos, não da palavra usada, mas do comentário explicativo, que Jesus não confiou nessas pessoas porque percebeu que sua fé foi superficial, rasa e passageira.

Há uma distinção importante entre a mera fé intelectual e a confiança profunda. Estas pessoas ficaram impressionadas com os sinais de Jesus até ao ponto de admitir os fatos evidentes, mas ainda não chegaram ao ponto de se entregarem ao Senhor e de lhe confiarem as suas vidas.

Jesus, porém, tinha motivo em não confiar nestas pessoas. Ele não ficou empolgado com esta aceitação inicial para se revelar totalmente aos habitantes de Jerusalém. Discernindo os corações das pessoas, ele não se abriu e não revelou de vez todo o seu plano como o Messias enviado para salvar o mundo.

O comentário de João nos obriga a encarar um fato perturbador. Ele disse que Jesus “sabia o que era a natureza humana” (João 2:25). Enquanto nós podemos observar o comportamento humano e chegar a algumas conclusões, Jesus, como nosso Criador, conhece os corações dos homens. Ele não ficou surpreso com esta fé superficial dos judeus.

E assim ele não fica surpreso com a fé de muitos nos dias de hoje. A mesma fé superficial é característica de muitos hoje. Pesquisas frequentemente reforçam a conclusão de que o Brasil seja um dos países onde a maior parte da população crê em Deus. Ao mesmo tempo, é visto como um país cheio de pessoas que não praticam sua fé.

Conforme o ensinamento de Jesus e seus discípulos, tal fé superficial não traz benefício nenhum. Tiago perguntou: “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?” e depois respondeu: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:14,17).

Você acredita em Deus? Acredita o bastante para cumprir a sua palavra e confiar a sua vida a ele? Ele não deseja a nossa fé superficial e meramente intelectual. Ele quer a fé que se demonstra na submissão total à sua vontade por amor. Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Se você afirma crer em Jesus, seria interessante fazer outra pergunta: Jesus, com seu conhecimento dos corações humanos, crê em você?

| Autor: Dennis Allan | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |