Estudo Bíblico Imitemos Bons Homens


A perspectiva de Deus sobre tudo é diferente da do homem. Por isso, ele avalia as pessoas de modo diferente do homem. Por exemplo, no final do período dos juízes, o povo de Israel clamava por um rei que lutasse nas suas batalhas. Deus lhes deu primeiro o tipo de rei que eles desejavam: um moço alto, bem apessoado, que era filho de um guerreiro (1 Samuel 9:1-2). Ainda que o povo ficasse exultante com este homem, Saul (1 Samuel 10:23-24; 11:14-15), ele se mostrou ser um desastre espiritual. Então, Deus escolheu um rei de acordo com seu próprio coração (1 Samuel 13:14), e mandou Samuel a Belém para ungi-lo. Samuel disse a Jessé que o novo rei seria um dos seus oito filhos, mas o escolhido entre eles surpreendeu a todos. Deus selecionou este moço, Davi, porque o Senhor "não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração" (1 Samuel 16:7). Deus olha as pessoas de modo muito diferente dos homens.

Quando nos tornamos cristãos, precisamos chegar a compartilhar da perspectiva do Senhor sobre as pessoas, uma vez que esta é uma parte do sermos novas criaturas em Cristo. Paulo escreveu: "Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo" (2 Coríntios 5:16). As pessoas não devem mais ser avaliadas de acordo com a carne; isto é, nem riqueza, nem raça, nem habilidades, nem inteligência, nem personalidade, nem eloqüência, nem qualquer coisa externa é o critério que devemos usar para julgar outros. Afinal, na base das características carnais, Jesus seria julgado como um fracasso.

Costumamos usar aqueles por quem temos alta estima como modelos para nossas vidas; portanto, devemos usar o padrão correto para avaliar os outros. Paulo exortou os filipenses a imitarem as pessoas certas (Filipenses 3:17-18). João descreveu Diótrefes, um homem egoísta e arrogante, e descreveu Demétrio, um homem de excelente caráter. Entre suas descrições destes dois, João escreveu: "Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom" (3 João 11). Quem são os nossos modelos de conduta?

Em 2 Coríntios, Paulo descreveu os falsos mestres de lá e escreveu extensivamente sobre seu próprio ministério. Os dois eram radicalmente diferentes. As descrições de Paulo dos falsos irmãos e suas afirmações sobre si mesmo nos dão um modelo a evitar e um exemplo a ser seguido.

Os Intrusos

Observe as características dos falsos mestres em 2 Coríntios:
1. Eles tinham orgulho da aparência (5:12). Eles exibiam impressionantes cartas de recomendação (3:1) e prosperavam na eloqüência do discurso (11:6), mas ignoravam a fundamental mudança de coração. Hoje em dia, muitos ficam impressionados pela impecável roupa de um pregador, seu estilo dinâmico, sua autoconfiança, mas freqüentemente pensam pouco na sua pureza, humildade e devoção.

2. Eles eram fanfarrões. Eles se ofereciam como o padrão e então se congratulavam por terem sido bem medidos! (10:12). Neste jogo idiota de auto-elogio Paulo disse que ele nem mesmo se aventuraria a se colocar na mesma classe. Eles se orgulhavam das igrejas que Paulo, realmente, tinha estabelecido. Eles valorizavam uma presença autoritária e se engrandeciam com visões e revelações que declaravam ter recebido (12:1-6). É comum os falsos irmãos de nossos dias nos dizerem como são grandes e que coisas maravilhosas têm feito. Talvez tenham medo que não notemos se eles não nos informarem.

3. Eles exigiam dinheiro. Paulo não permitia que os coríntios o pagassem, e este espírito desprendido tinha feito com que os intrusos parecessem cobiçosos. Por isso eles começaram a insinuar que Paulo sabia que não era um apóstolo real, pois se o fosse estaria cobrando por seus serviços. Eles queriam desesperadamente conseguir que Paulo também exigisse pagamento, para que eles não parecessem tanto com os exploradores que eram (11:7-12). Pedro advertiu que falsos mestres gananciosos estavam vindo, que explorariam seus seguidores com falsas palavras, de modo a rechear suas carteiras de dinheiro (2 Pedro 2:1-3). Naquele tempo, como agora, esses pastores ávidos de dinheiro fazem com que o caminho da verdade seja difamado.

4. Eles eram rudes e insultantes. Paulo estava admirado de como os coríntios respondiam à maneira agressiva deles: "Tolerais quem vos escravize, quem vos devore, quem vos detenha, quem se exalte, quem vos esbofeteie no rosto" (11:20). O exibicionismo deles, o desdém, o abuso que estes homens descarregavam sobre os coríntios parecia impressioná-los. Quantos pastores de nossos dias são igualmente insultantes e tirânicos? Que contraste com a mansidão e gentileza de Cristo! (10:1).

5. Eles pervertiam a mensagem do evangelho (11:3-4). Era como se eles pensassem que o evangelho lhes pertencia, e que no interesse em aumentar a margem de lucro e a participação no mercado, eles poderiam barateá-lo para "vender seu peixe" (2:17). A verdade é que ninguém tem direito a alterar a mensagem para torná-la mais agradável (4:2). Todo mestre deve ser julgado por sua fidelidade na proclamação da mensagem como Deus a revelou, sem absolutamente nenhuma alteração. Os falsos mestres raramente encorajam a comparação cuidadosa de sua mensagem com a palavra de Deus.

Paulo

1. O ministério de Paulo foi caracterizado pelo sofrimento. Vezes e mais vezes, Paulo fala de suas provações e aflições (1:3-11; 4:7-12; 6:4-10; 11:23-33). Muitos, hoje em dia, pensam que pobreza, tribulação e doença são sinais do julgamento de Deus. Mas, de fato, estas coisas eram parte integrante da vida de Paulo, como servo do Senhor. Ele imitava Jesus, que morreu e depois foi ressuscitado. Ele sempre levava consigo "no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo" (4:10). Mesmo quando Paulo se sentiu forçado a gabar-se para ganhar a atenção dos ouvintes entre os coríntios, ele se jactava de seus sofrimentos (11:23-33) e ressaltava experiências humilhantes. Paulo acreditava que a grandeza da glória de Deus era engrandecida quando seu evangelho glorioso era carregado por humildes e frágeis seres como os apóstolos (4:7).

2. Paulo serviu em fraqueza. Ele não procurou dominar e tiranizar seus "filhos" na fé porque ele via a si mesmo como um servo (4:5). Seus oponentes exploraram sua mansidão, acusando que ele podia escrever ousadamente, mas era fraco na confrontação cara a cara (10:1, 8-11). Paulo chegou a se gloriar da sua fraqueza, pois era deste modo que ele imitava o Senhor (12:9-10; 13:3-4). Há muitos, hoje, que pensam que os ministros deviam ser poderosos símbolos de sucesso. Humildade e paciência não têm valor; linguagem bombástica e autodomínio são o que importa. Pelos critérios mundanos de sucesso, tanto Paulo como Jesus foram fracassos.

3. Paulo foi sincero em sua obra porque ele sempre se lembrava a quem estava realmente servindo: o Senhor (1:12; 2:17). Uma consciência de que ele estava na presença de Deus dava o tom para sua vida e trabalho (2:17; 4:2; 5:11). O temer a Deus eliminará o comprometimento e o egoísmo na pregação. Isso impediu Paulo de oferecer curas superficiais para os males espirituais deles.

4. Paulo era ousado em sua pregação (3:12). Desde que ele sabia que sua mensagem era de Deus, ele a anunciava tão aberta e diretamente quanto possível. Ele escreveu: "...e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade" (4:2). Essa é uma excelente definição de pregação verdadeira, porque ela precisa simplesmente mostrar a verdade e apelar para a consciência do ouvinte.

5. Paulo ensinava outros em amor. Ele tinha passado dezoito meses ajudando pacientemente os coríntios a aprender o evangelho (Atos 18:1-17). Mas, com a chegada dos falsos mestres, eles tinham começado a duvidar da integridade de Paulo. Uma barreira tinha-se levantado quando eles começaram a questionar a confiabilidade dele em fazer planos de viagem, suas credenciais para pregar, sua falta de sucesso mundano, etc. Teria sido fácil para Paulo ter-se sentido ferido e se retirado. Em vez disso, ele abriu mais ainda seu coração e arriscou mais rejeição. Ele implorou aos coríntios que fossem igualmente abertos a ele (examine 6:11-13; 7:3).

Aplicações para nós

1. Precisamos examinar cuidadosamente as características que Paulo demonstrou e imitá-las, e temos que evitar as atitudes manifestadas pelos intrusos. Em nenhuma outra carta Paulo abre seu coração como o faz em 2 Coríntios. Sua transparência nos dá oportunidade para entender realmente seus motivos e atitudes e para imitar sua transformação, tanto externa como internamente.

2. Precisamos examinar aqueles que nos ensinam. Podemos (embora não devemos) aceitar e até preferir professores que exibam as características dos intrusos coríntios. As cabeças dos coríntios estavam voltadas para estes homens. Alguns dos mais carismáticos, eloqüentes e encantadores professores são falsos. Nossa falta de discernimento pode levar-nos a ser desencaminha-dos por eles. Cuidado!

| Autor: Gary Fisher | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |