Descendentes de Abraão


Algumas das brigas mais feias no mundo hoje, especialmente no Oriente Médio, envolvem conflitos entre pessoas que traçam suas linhagens ao mesmo homem. Abraão, o pai de nações, viveu uns 2.000 anos antes de Jesus. Ele foi descendente de Noé (como todos nós!), mais especificamente da linhagem de Sem (origem dos povos semitas). O próprio Abraão, por meio dos seus oito filhos, se tornou pai de várias nações, exatamente como Deus prometeu quando mudou o nome deste homem: “... serás pai de numerosas nações. Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de numerosas nações te constituí. Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão de ti” (Gênesis 17:4-6).

Ainda mais importante, Abraão é apresentado no Novo Testamento como o pai de uma categoria de pessoas, não por vínculo sanguíneo, mas por semelhança espiritual. Jesus introduziu este conceito quando disse que os verdadeiros “filhos de Abraão” praticam “as obras de Abraão” (João 8:39). Paulo, outro descendente carnal de Abraão, disse que o importante não é a linhagem de sangue, e sim a descendência espiritual (Romanos 2:28-29). Levou esta ideia, uma noção radical para os judeus da época, ao ponto de tratar todos os cristãos como descendentes de Abraão: “E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:29).

Quando nascemos, não escolhemos nossa família ou nação. Você não decidiu ser judeu, árabe, brasileiro, alemão ou japonês. Não tem mais valor, nem menos mérito, por causa da cor da pele ou o nome do país onde nasceu. Deus não aceita ou rejeita pessoas por causa da sua nacionalidade. Ele avalia cada um na base de uma outra característica; ele olha o coração (Romanos 2:29). O Senhor não rejeita pessoas por não terem o sangue de Abraão, mas rejeita todas as pessoas que não têm o coração de Abraão!

A qualidade de Abraão que o destacou foi a sua fé em Deus. Lendo isso, seria fácil pensar que Abraão fosse muito parecido com muitas pessoas hoje, porque constantemente ouvimos pessoas por toda parte afirmando ter fé em Deus. Padres, pastores e rabinos falam da sua fé em Deus. Cantores, atletas e atores atribuem seu sucesso à sua confiança no Senhor. Presidentes, legisladores e juízes invocam o nome do Todo Poderoso. Pelas palavras, parece que todo o mundo se tornou igual a Abraão! Será que a fé é só isso?

Quando Jesus destacou o exemplo de Abraão, ele falou em tons de repreensão dos religiosos, as pessoas que mais falavam de Deus! Os líderes religiosos da sua época usaram manobras políticas, mentiras e até homicídio para manter seu controle sobre o povo, não tão diferentes das táticas empregadas por alguns outros religiosos ao longo da história. Jesus frisou as atitudes de Abraão em aceitar a verdade, falar a verdade e agir conforme a verdade (leia os argumentos de Jesus em João 8:31-59).

A fé de Abraão não foi apenas uma afirmação superficial, foi a força que orientou cada passo de sua vida, mesmo quando as pessoas ao seu redor não o apoiaram. Quando Deus chamou Abraão para deixar seus parentes e mudar para uma terra desconhecida, este homem foi. Quando Deus prometeu que ele e sua esposa, já velhos, teriam um filho, Abraão acreditou. Quando o Senhor mandou sacrificar este filho da promessa, a fé de Abraão era tão grande que colocou o filho sobre um altar e pegou a faca para matá-lo. Deus não permitiu que matasse, mas deixou Abraão chegar a este extremo para provar a sua fé. Abraão obedeceu, acreditando que Deus ressuscitaria este filho para ainda cumprir suas promessas. E devemos lembrar, a primeira vez que a Bíblia fala da ressurreição de um morto foi mais de 1.000 anos depois de Abraão!

Abraão não obedecia somente quando concordava com Deus ou quando entendia seus propósitos e métodos. Este patriarca obedecia porque ouvia a palavra de Deus e reconhecia a soberania absoluta do seu Criador. Os verdadeiros descendentes de Abraão demonstram a mesma fé obediente. Não se preocupe com a sua genealogia carnal, mas tenha o coração de Abraão!

| Autor: Dennis Allan | Divulgação: estudosgospel.com.br |