Descaminho das Índias
Quando os deuses se enganam
Na revista alemã Der Spiegel apareceu a história de um adolescente
indiano de 16 anos que decidiu fazer uma oferenda singular ao deus
Shiva[1]. Sua peregrinação ao templo Trinath em Rourkela, na Índia,
durou dez semanas. “Você jamais será alguém na vida!”, costumava dizer
seu pai. Aswini Patel andava sempre sozinho e não era muito popular na
escola, nem entre as crianças da vizinhança. Em casa, ele tinha de
escutar acusações constantes de ser pouco inteligente e preguiçoso.
Finalmente, ele decidiu não ouvir mais as ordens de ninguém. Ele
decidiu que iria ouvir somente aos deuses. Aswini era especialmente
fascinado por Shiva, o deus de muitos braços. Foi Shiva que, por
engano, cortou a cabeça do filho de sua mulher. Em troca, deu-lhe uma
cabeça de elefante. Assim surgiu um novo deus, chamado Ganesha. Essa
história impressionou muito a Aswini.
No começo de maio de 2008, depois de uma viagem penosa, o jovem
finalmente chegou ao templo cinzento de Shiva. Tirou uma lâmina de
barbear de seu bolso, olhou bem para o pequeno deus de pedra e
murmurou: “Senhor Shiva”. Aí estendeu sua língua e cortou um pedaço
dela, depositando-o como oferenda ao lado da estátua do seu ídolo. Seu
grito de dor chamou a atenção da esposa de um sacerdote, que o
socorreu. Algum tempo depois, a polícia levou Aswini ao hospital, onde
foi imediatamente operado. Quando seu pai chegou no dia seguinte, só
abraçou seu filho. Não o xingou nem o repreendeu pelo que tinha feito.
Apenas disse que o rapaz era maluco e que tudo iria ficar bem. Os
médicos explicaram que Aswini voltaria a falar em alguns meses e que o
resto de sua língua iria se readaptar para articular as palavras.
A Bíblia deixa bem claro:
“Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios” (1 Co 10.19-20).
É muito triste que um jovem de origem humilde tenha feito algo assim. Desprezado pelos conhecidos, impelido pelas religiões ao seu redor, movido pela esperança de uma vida melhor e em busca de atenção e afeto, Aswini se dispôs a um sacrifício dolorido. Mas, por trás desse gesto está toda a cruel realidade do demonismo, da fúria destrutiva de Satanás, de seu engano e de suas impiedosas mentiras.
O jovem fez uma longa viagem e se dispôs a sacrificar um pedaço de sua língua a um deus que, por engano, cortou a cabeça do filho de sua mulher, dando-lhe em troca uma cabeça de elefante. Que deus é esse que se engana dessa forma e nem percebe estar matando seu próprio enteado? Na verdade, esses ídolos não são capazes de coisa nenhuma, pois não podem absolutamente nada, nem mesmo agir por engano:
“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a ele os que os fazem e quanto neles confiam” (Sl 115.3-8).
O demonismo que está por trás dos ídolos é que impele as pessoas a atos tresloucados como o desse jovem indiano. Muitos sofrem com compulsões demoníacas por buscarem sua salvação nos lugares errados, ao invés de procurarem auxílio em Deus, que se revelou em Jesus Cristo e quer ajudar a cada um em qualquer situação.
Como é diferente desses falsos deuses aquilo que Pedro diz de Jesus:
“Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68).
No lugar de tentarmos ofertar alguma coisa a Deus tentando agradá-lO, foi Ele que se ofereceu em sacrifício através de Jesus Cristo (2 Co 5.18-19). Por meio desse sacrifício em nosso lugar recebemos o perdão dos nossos pecados e uma vida santificada, além de sermos considerados aperfeiçoados diante de Deus, em Jesus:
Perdão:
“...agora... ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26).
Santificação:
“Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hb 10.10).
Perfeição:
“Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).
Quem aceita, de forma pessoal, pela fé, o sacrifício de Jesus, passa a usufruir de todo o agrado de Deus:
“pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (1 Ts 1.9-10).