Como cristãos, nós somos adeptos ao costume de olhar ao nosso redor e ver como os bons padrões de Deus são violados quando o assunto é sexualidade. Não muito tempo atrás, contudo, me pediram para refletir acerca das maneiras pelas quais os cristãos abrem mão dos padrões de Deus para a sexualidade – alguns daqueles pecados escondidos ou “santificados” aos quais cedemos em nossas vidas, nossos casamentos, nossas igrejas. Eu cheguei a cinco maneiras em que os cristãos podem abrir mão dos padrões de Deus para a sexualidade.
1 - Nós abrimos mão dos padrões de Deus para a sexualidade quando deixamos o evangelho de fora do leito conjugal
Os cristãos geralmente encontram dificuldade para estender o alcance do evangelho partindo do assunto “salvação” até chegar ao assunto “sexo”. Entretanto, o evangelho não se limita a um acontecimento na sua vida, ele está relacionado a como vivemos hoje e todos os dias. Ele se estende por cada parte da vida.
O evangelho diz: o que quer que meu casamento e o nosso relacionamento sexual sejam, eles devem ser parte da figura de Cristo e Sua igreja. Quando eu considero sexo sob essa perspectiva, eu primeiro pergunto: isso se assemelha a uma ilustração acurada de Cristo e da igreja? O que reflete a Cristo dando Sua vida por Sua noiva? O que reflete a igreja submetendo-se a Cristo alegremente? Isso nos reorienta completamente, levando-nos para longe do próprio eu, do amor próprio e do serviço a si mesmo, e nos orienta em direção ao cônjuge. Essa caracterização do casamento não acaba quando fechamos a porta do quarto.
Quando abrimos mão desse padrão, nós nos tornamos cativos à lei, ao invés de livres pelo evangelho; nós nos focamos em nós mesmos ao invés de nos focarmos no outro. A Lei é sempre voltada para o ego, o evangelho é sempre voltado para o outro e, em última instância, para Deus. Se nos permitimos cair na velha tentação da lei, nós vamos, inevitavelmente, prejudicar nosso relacionamento quem mais amamos.
2 - Nós abrimos mão dos padrões quando desobedecemos o claro mandamento bíblico de que no casamento devemos fazer sexo, e ele deve ser feito frequente, desejosa e alegremente
Há diferença entre entender a Bíblia e obedecer a Bíblia. Há diferença entre acreditar no evangelho e viver as implicações do evangelho. É por isso que muitas cartas paulinas têm duas partes; na primeira, ele fala sobre teologia, e na segunda, sobre aplicação. Há uma razão para isso: ele sabe que a teologia tem que ser trabalhada na vida e ele sabe que não podemos fazer isso sem uma sólida base bíblica.
Há muitos casais que acreditam completamente no que a bíblia ensina sobre casamento, e eles podem até acreditar no que a bíblia diz sobre sexo no casamento, porém, eles não fazem mais sexo juntos. Um deles recusou por tanto tempo que o outro nem ao menos pede mais ou tenta. Um desistiu, se acomodou, e o outro perdeu o interesse. Juntos, eles se tornaram desobedientes e sua desistência entristece o Senhor. Eles afirmam acreditar no que é verdade, mas se recusam a praticá-la.
Deus fez estipulações para o relacionamento sexual. Você pode parar de fazer sexo, mas apenas por um tempo limitado e só se esse tempo limitado for para orar. É isso! E, mesmo assim, todo casamento passa por longos períodos sem sexo, e muitos casamentos abandonam o sexo completamente. Tem algo em 1 Coríntios 7.4 que sempre me chamou atenção. Paulo fala sobre “direitos conjugais”. A Bíblia fala muito, muito pouco sobre nossos direitos. Na maioria dos casos, falar sobre direitos é se opor ao evangelho. Mas no relacionamento conjugal nos é dito que o esposo e a esposa tem direitos um sobre o outro, o direito sobre o corpo do outro. Sexo não é uma sugestão, não é apenas uma boa ideia ou um bom presente para dar ao cônjuge. Sexo é um direito, pois, na economia de Deus para o casamento, é uma necessidade.
O que acontece quando abrimos mão dos padrões de Deus aqui? Indo direto à 1 Coríntios 7, vemos que nós permitimos a possibilidade de pecado sexual em nosso cônjuge. Um marido que se nega à sua esposa não está protegendo-a do pecado sexual. Uma esposa que se nega ao seu marido não está protegendo-o do pecado sexual. A abstinência de sexo é egoísta, sem amor e inconsequente. Sim, será culpa do cônjuge se ele ou ela cair em pecado sexual porque pararam de fazer sexo; mas o outro também vai carregar parte da responsabilidade. Você já parou para pensar que o grande plano de Satanás para você é você tenha o máximo possível de sexo fora do casamento e o mínimo dentro dele? O plano de Deus, claro, é o oposto desse – não ter sexo fora do casamento e um monte dele dentro do casamento.
Há outra consequência: estamos descaradamente desobedecendo um mandamento claro do Senhor e um mandamento que provém da verdade do evangelho. O relacionamento sexual não é uma pequena bolha isolada da obediência cristã, mas é algo que provém diretamente do evangelho. Muitos de nós isolam a sexualidade de todo o resto da vida.
E finalmente, quando você abre mão dessa parte, você está negando ao seu casamento grandes meios de graça. É útil olhar para o sexo como um sacramento no casamento, algo profundamente simbólico que vai muito além da soma das partes. É muito mais profundo do que o físico, muito mais do que apenas o ato. Nós acreditamos que, nesse ato, Deus estende graça ao nosso casamento. Nós obedecemos Ele e estamos certos de Sua benção. O casamento que esquece o sexo é como a igreja que esquece a Ceia do Senhor – ela está se enfraquecendo e negando a si mesma um dos misteriosos e inesperados meios pelos quais o Senhor abençoa-a.
3 - Nós abrimos mão dos padrões quando não treinamos nossos filhos para entender o bom plano de Deus para o sexo e quando não os treinamos para evitar a tentação sexual
Quando o assunto é sexo, nós somos muito bons em falar para os nossos filhos o que é ruim e perigoso e o que eles devem evitar. Isso é fácil porque muitos de nós somos muito cuidadosos com o que nossos filhos veem e experimentam quando são muito novos. Nós censuramos nossas conversas e até mesmo nossa leitura bíblica para protege-los do que é muito pesado para seus jovens corações. Isso é saudável e bom. Eu amo a história que Corrie Ten Boom conta sobre isso. Quando era uma menina pequenina, ela ouviu sobre sexo e perguntou ao pai o que era sexo. Ele simplesmente sua grande e pesada maleta de ferramentas e colocou-a no chão, depois pediu para ela levantá-la. Ela tentou, puxou e empurrou e, por fim, disse: “É muito pesada pra mim”. Então, seu pai disse: “Exatamente. Algumas coisas são muito pesadas para pequenas crianças carregarem”. Isso é paternidade sábia! Mas isso não seria sábio se a criança tivesse 16 ou 18 anos e estivesse perto de se mudar.
Nós precisamos preparar nossos filhos para viverem nesse mundo e verem que o sexo é um bom presente de Deus. Muitos homens jovens vão para o mundo sem ter certeza do que o sexo é e de que ele está ancorado no bom plano de Deus; muitas mulheres jovens entram no casamento convencidas de que sexo não é uma coisa para boa garotas cristãs desfrutarem. E muitas acreditam nessas coisas porque seus pais simplesmente não fizeram um bom trabalho ensinando sobre o que a Bíblia fala sobre sexo.
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Eu admito que estamos ficando melhores nisso, mas ainda temos muito a melhorar no que diz respeito à ensinar nossos filhos a honrar o sexo. Se tudo que nossos filhos sabem ao saírem de nossa guarda é que sexo é ruim, nós abrimos mão do padrão de Deus não ensinando-os que sexo é um bom presente de Deus feito para ser desfrutado dentro do contexto apropriado. Da mesma forma que queremos criar uma barreira para o sexo, nós precisamos também celebrar sua bondade inerente. Quando nos abstemos nesse ponto, comprometemos a geração seguinte. Nós fazemos de nossa desobediência o problema, o vício, a gravidez indesejada, deles.
4 - Nós abrimos mão dos padrões de Deus quando somos levados pela tendência cultural
Em Efésios 5 Paulo diz: “Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas inconvenientes; antes, pelo contrário, ações de graças”. Quando lemos essas palavras, não podemos deixar de pensar sobre TV, filmes e livros e o quão dedicados eles são a essas coisas.
Apenas pense sobre comédia e o que nossas séries de comédia e comédias românticas nos fazem rir. Quando rimos do que Deus chama de perverso, quando nós gostamos de assistir o que Deus diz que é privado, quando falamos de forma muito estúpida ou até de maneira muito franca sobre coisas que são desprezíveis, nós abandonamos o padrão de Deus. Não deve haver conversas torpes em nosso meio e nenhuma palavra vã. Não devemos nos alegrar com o que Deus diz que é mau.
Paulo nos diz que existem coisas que são muito vergonhosas até mesmo para serem mencionadas. Há coisas que não devem ser nem citadas em uma conversa entre cristãos; elas são, simplesmente, muito más e até pensar sobre elas é errado. Mas algumas vezes nós, como cristãos, gostamos de conversar sobre coisas muito más. Nós nunca as faríamos, mas lemos sobre elas, fazendo-as de forma indireta.
Quando assistimos filmes ou ouvimos músicas vulgares, nós podemos obter prazer em ouvir sobre flertes sexuais de outras pessoas ou em ver a riqueza idólatra de outras pessoas. Nós estamos, essencialmente, gostando da idolatria deles, encontrando prazer nos atos deles de ódio a Deus! Nós nunca faríamos as coisas que eles fazem, mas nós temos prazer em imaginar outros fazendo essas coisas ou em ler outros fazendo isso. Mesmo quando nos é dito aqui que as coisas nas quais estamos tendo prazer são as mesmas coisas que trazem a ira de Deus sobre as pessoas que as fazem.
Nós abrimos mão dos padrões de Deus quando nos deixamos ser levados pela tendência cultural, sendo entretidos com coisas que o Senhor odeia. Quando rimos do pecado ou somos entretidos por ele, estamos nos colocando no caminho de racionalizar e depois abraçar cada um desses pecados. Esse abrir mão tende a começar mais rastejando e crescendo aos poucos do que explodindo de uma vez só, e ao olhar para o que nos entretém, podemos às vezes ter um vislumbre dos desafios que estão por vir. Se estamos rindo de adultério hoje, nós podemos estar praticando amanhã.
5 - Nós abrimos mão dos padrões de Deus quando cometemos pecado sexual
O último ponto é simplesmente ir em frente, cometer o pecado sexual e posteriormente lidar com as consequências. O pecado sexual deveria ser tão óbvio e terrível quanto cometer adultério contra seu cônjuge, mas para muitas pessoas ele é muito mais sutil.
Pornografia é uma praga para a igreja, que afeta primariamente homens e garotos (embora esteja crescendo entre as mulheres, que também estão ficando suscetíveis a isso), mas a pornografia está longe de ser o único pecado sexual com o qual os cristãos lidam. Muitas mulheres estão propensas a exigir de seus maridos padrões irrealistas de comédias românticas. Existem mulheres que demandam o impossível de seus maridos, que confrontam a própria masculinidade de seu marido. Até mulheres cristãs estão lendo 50 tons de cinza.
O pecado sexual passa pelo grande espectro do sutil e egoísta até o aberto e espetacular. Mas todo pecado sexual é de alguma forma fugir dos padrões de Deus. E as grandes concessões tem início nas pequenas. O caminho para um casamento sem sexo é simplesmente uma recusa por vez, uma palavra de apatia ou crítica. Poucos casamentos passam de uma ótima vida sexual para uma vida sexual inexistente de um dia para o outro. O adultério não começa com um homem seduzindo a mulher de outro, mas por não controlar seus olhos e não deter sua mente.