O Exemplo dos Cachorros
As estatísticas demonstram que o número de divórcios e separações aumenta a cada ano. No Brasil, de 1991 a 1998, houve um crescimento de 19% no número de separações – desenlace extra-oficial -, passando de 76.233 para 90.778. No mesmo período, os divórcios cresceram 29,7%, de 81.128, para 105.253. Na Califórnia, houve um incremento de divórcios de 100% em um ano. Em maio de 2002: 6.800; em maio de 2003: 15.000.
A realidade parece ser a mesma do outro lado do mundo: “A maior parte dos casamentos na Arábia Saudita resultam de arranjos matrimoniais por conveniência e de acordo com a imprensa saudita, mais de metade acaba sempre em divorcio”.
Para conhecermos essa realidade palpável, nem precisamos de estatísticas. É incrível, mas marchamos para uma situação em os divórcios tendem a diminuir, não porque os casamentos se tornarão mais duradouros; é que haverá cada vez menor número de casamentos oficiais. Na situação de amancebados, não há motivo para pensar em divórcio. Não deu certo, cada um arruma sua mala e parte para outra, isto é, para outra mancebia.
O receio – ou a certeza – de que o convívio não seja duradouro, homens e mulheres entendem que a melhor opção é não assumirem qualquer responsabilidade oficial. Por isso, a confissão mais ouvida nos tempos atuais é: “Estamos juntos, mas não pensamos ainda em casamento”. Isto é, estão acasalados, mas não casados; amam-se, mas não ao ponto de assumirem responsabilidades mútuas. O dinheiro às vezes é empecilho a uma vida familiar saudável. Os cônjuges têm medo de repartir bens; medo de perder a liberdade de “ficar” com quem bem quiser; de mudar de parceiro quando assim desejarem, e assim por diante.
Dessa inversão de valores emergem famílias com pais e mães diversas; mãe com filhos de diversos pais, ou pais com filhos de diversas mulheres. É impossível que tais desacertos não provoquem desajustes emocionais nessas crianças. A vontade de Deus é que o casamento seja vitalício. O divórcio deve ser tratado como uma exceção. Mas está tão comum que está se tornando regra geral. A prostituição elevou-se a um nível tão grande que muitos casais não conseguem manter a fidelidade conjugal.
Informalidade conjugal e solidão
“A separação conjugal passou a constituir destino de um número maior de mulheres (com mais de 20 anos). Eram 4,13% descasadas, em 1970, e passam a 6,97%, em 2000 (3,97% nos homens). Revolução — Houve grande aumento de uniões consensuais das mulheres entre 1970 e 2000 (de 4,39% para 16,53%). Elas lideram nas faixas mais jovens até o pico de 25,67% (25 a 29 anos). Em 30 anos, a taxa de casamentos formais cai de 41,48% para 34,49% entre as mulheres, com redução de nove pontos percentuais de casamentos religiosos. Tais como no mercado de trabalho e na previdência, há movimentos em direção à informalidade conjugal. Hoje, são 36,2 milhões de mulheres sozinhas, cerca de 51,7% do total”
Enquanto isso, os cachorros, cansados de companhias fortuitas, procuram parcerias fixas. Segundo reportagem televisiva, é possível oficializar a união de um cachorro com uma cachorra, por consentimento mútuo dos seus donos. Já existe uma empresa especializada nesse tipo de evento. No dia da união, os convidados, padrinhos e madrinhas, vestidos a caráter, podem saborear pratos deliciosos, com direito a fotos e certidão de casamento. Se a moda pega, a cachorrada dará adeus à solidão e à vida promíscua. Aprendamos com os cachorros.