Nos Portões de Samaria se Ouviu uma Oração


Jesus já havia passado muitas vezes pelos portões da cidade de Samaria onde os leprosos se acomodavam em cabanas e habitações feitas com exclusividade para eles. Leprosos eram obrigados a viverem isolados: “Enquanto tiver a doença, estará impuro. Viverá separado, sua habitação será fora do arraial” Lv 13:46. Por esse motivo, era comum ver leprosos em grupos, como pedintes, fora da cidade. No livro de II Reis capitulo 7, há uma afirmação de leprosos à porta da cidade. Estes doentes sofriam não apenas pelas chagas de seus corpos, mas também pelas feridas ocultas que os outros carregavam na alma e vez por outra afloravam em forma de preconceito.

Lepra, do hebraico "tsara'at" denota uma variedade de doenças de pele: psoríase, favo, leucodermia e hanseníase.

O Evangelho de Lucas narra o encontro de Jesus com dez leprosos nas redondezas de Samaria e Galileia. Poucos versos Bíblicos em que fica especialmente evidente lições sobre fé e gratidão, judeus e gentios, Antiga e Nova Aliança, sobre eu e você. Consideremos que lepra estava relacionada a pecado e exclusão social, uma doença corrosiva, estampada como maldição física e espiritual. Leprosos à porta das cidades, era como uma parábola a pessoas fora da comunhão com Deus, sem acesso ao Reino. Lepra era sentença contra o pecado: II Rs 5:20 -Números 12:1-2 – II Crônicas 26.

Um dia diferente

“Ao entrar num povoado, dez leprosos dirigiram-se a ele. Ficaram a certa distância e gritaram em alta voz: Jesus, Mestre, tem piedade de nós! Ao vê-los, ele disse: Vão mostrar-se aos sacerdotes. Enquanto eles iam, foram purificados. Um deles, quando viu que estava curado, voltou, louvando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. Este era samaritano. Jesus perguntou:Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro? Então ele lhe disse: Levante-se e vá; a sua fé o salvou .” Lucas 17: 11 a 19.

Todos os dias os leprosos estavam nos portões, mas não era todo dia que por ali passava Jesus. Imagine que leprosos não podiam tocar as mãos dos sãos, cumprimenta-vos de longe e sempre que pediam algo era em voz alta para poderem ser ouvidos, ao longe. Foi dessa forma que se dirigiram a Jesus. Conhecedores da movimentação da cidade, já haviam escutado sobre milagres, testemunhos e sabiam que Jesus era uma esperança para eles. Não se sabe se todos os dez rogaram a uma só voz ou se um orou pelo grupo, não nos é dito. De qualquer forma, Jesus ouviu e parou para os atender.

"Vão mostrar-se ao sacerdote". E aqui há revelação de Deus para nós. Nove deles foram andando em direção ao templo para se apresentarem ao sacerdote e enquanto iam, foram sendo purificados. Apenas um deles, deu a volta e correu para Jesus, prostrou-se aos Seus pés, um samaritano.

“Esta será a lei do leproso, no dia da sua purificação, será levado ao sacerdote” Lv 14:1

Por que o samaritano não foi junto com os demais? Porque reconheceu que Jesus era o Messias Salvador, o Sacerdote eterno. Ele não desprezou a lei de Moisés, mas compreendeu o significado da graça, esta que é o mistério da Nova Aliança revelada em Cristo. O samaritano foi curado e salvo para eternidade: “Levanta-se e vá, tua fé te salvou”. Os demais foram apenas curados. E sobre essa cura, aprendemos: Ela pode acontecer de forma imediata e também gradual “enquanto iam”. Há possibilidade de que o samaritano também tenha ido ao templo se apresentar ao sacerdote, mas com um coração convicto de perdão e salvação e não apenas como um ritual. Ele havia tido um encontro verdadeiro com Deus!

Nos portões de Samaria

Amados leitores, aquele samaritano, depois do encontro com Jesus, entrou pelos portões da cidade, de cabeça erguida. Quanta alegria! E quantas vidas não devem ter sido transformadas pelo seu testemunho? Se qualquer um se encontrar “leproso às portas de Samaria” existe esperança.

Oséias 2:15 Ali devolverei a ela as suas vinhas e farei do vale de Acor uma porta de esperança. Ali ela me responderá como nos dias de sua infância, como no dia em que saiu do Egito.

Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.João 10:9

Quando eu trabalhava na Tv no litoral do Piauí, por muitas vezes visitei um local chamado “colônia do carpina”. É um internato para crianças, jovens e idosos leprosos. Lembro muito bem de ter visto pessoas deformadas pelos efeitos da doença e uma cena particularmente jamais me saiu da memória: a de um interno com os pés em “carne viva”, sangrando muito. Uma médica me falou que descobriu o porque da piora do paciente: ele desobedecera instruções e escondido, andava descalço pela areia que circundava o prédio. A sensação de liberdade para ele, era maior que a dor. Naquela manhã voltei para casa em estado de choque por aquele paciente. O que eu não sabia era que também era leprosa.

Minha alma era prisioneira do mundo, não conhecia a Cristo de verdade, mas apenas de ouvir falar, estava no grupo dos nove: pedia, recebia e não agradecia. Como aquele paciente de pés sangrando, eu também tinha feridas sangrando na alma e falsa sensação de liberdade. Coitada de mim, mendiga espiritual, de porta em porta, até que pela graça tive um encontro verdadeiro com Jesus. E tão somente pela graça sou apenas mais um dos que a exemplo do samaritano se prostra ao pés de Jesus em gratidão pela mudança de vida e direção.

Que sejamos como esse um, porque estreita não é só a porta que conduz a salvação, mas também o caminho que nos leva até ela.

Deus o abençoe

| Autor: Wilma Rejane | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |